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Terceiro dia

Cleo Silva

09/04/2015

 

O terceiro dia da Calourada Preta foi marcado por muitos eventos, como mesas, performances, oficinas e mostra de cinema. À noite, a mesa redonda “O corpo negro na mídia” aconteceu no auditório do ICSA, na qual os convidados Marcelo Augusto, professor de matemática e as estudantes universitárias e integrantes do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiro (NEAB), Beatriz Gomes e Natália Araújo, iniciaram uma discussão sobre a forma como o negro é visto no meio midiático e representado por meio de empregadas domésticas, meninos de recado ou motoristas particulares, ou seja, não é dado a ele um papel de destaque. Em relação à identidade do negro no Brasil, Marcelo disse que sempre foi maquiada e escondida e que é preciso resgatá-la e inserir obrigatoriamente o ensino sobre a cultura afrodescendente nas escolas, trabalhando a identidade do negro dentro da sociedade através da mídia.

Marcelo, Natália e Beatriz disseram acreditar que a mídia passa a ideia de que o público negro é marginalizado e não tem condições de ter uma cultura desenvolvida e consumir os produtos oferecidos, dessa forma, quem tenta velar o racismo é a mídia. Segundo Marcelo, temos que usar mecanismos para impedir que isso continue acontecendo, pois está hora de pensar como o negro pode encontrar uma forma de mudar isso, ser representado e não se tornar apenas mais um ocupando espaço. Um exemplo citado foi o de cremes de pele e produtos capilares como xampus, que são fabricados para cabelos de pessoas brancas.

Imagens que circularam nas mídias em propagandas foram mostradas, todas racistas, onde o negro não se vê representado na mídia. Natália disse que “os órgãos publicitários desprezam o negro na mídia e zombam da sua capacidade intelectual”.

“Quando a gente vê que existem propagandas terríveis na mídia, o que a gente pode pensar é que os órgãos publicitários desconsideram a nossa capacidade pensante para criticar imagens desse nível”, completou Beatriz.

A respeito da representatividade do negro nas novas mídias, Marcelo falou que é uma faca de dois gumes, pois as pessoas podem reagir contra uma não representatividade, mas também podem moldar a cabeça das pessoas e promover o desenvolvimento social.

Fechando as atividades do terceiro dia da Calourada, aconteceu a apresentação do grupo “Mulheres em Chamas”, que começaram um cortejo saindo do estacionamento do ICSA indo até o auditório. Com tambores e objetos que representam a cultura e a fé afro-brasileira, o grupo dançou, cantou e conseguiu levar consigo uma grande quantidade de estudantes que ficaram encantados com as performances realizadas pelas mulheres.

Siméia Santana, estudante do 7º período curso de Historia no ICHS, falou sobre o evento: "a II calourada Preta está superando minhas expectativas. Os temas estão bastante contemporâneos e o nível das discussões está bem interessante, além de ter um público maior que na Primeira Calourada."

Siméia se apresentou na abertura do evento na terça feira e amanhã no fechamento promoverá uma oficina de dança afro com o tema “Que Bloco É Esse?” às 15h no ICHS.

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